Sei que a frase a seguir pode causar revolta num primeiro momento. Talvez você pense que sou machista, ou que sou aliada política de um presidente x. Mas juro que não tem nada a ver com isso. É uma conclusão puramente histórica que, pelo menos pra mim, faz muito sentido.
Atenção.
Lá vai.
Normalmente, nós, mulheres, por uma questão cultural, e também psicológica, temos como foco da nossa vida o relacionamento afetivo.
Calma, eu disse NORMALMENTE.
Fico feliz por não se tratar da regra. Mas infelizmente isso acontece inconscientemente. Toda vez que engrenamos o relacionamento com o cristo da vez, essa única fatia da pizza da nossa vida, acaba virando a pizza inteira.
Eu vi isso acontecer comigo.
Vi dias e dias de procrastinação com todas as áreas da minha vida, em nome de um relacionamento afetivo. Não me envergonho. Aliás, me dar conta de tal fato foi imprescindível para tudo, efetivamente, começar a mudar.
Já para eles, o cenário é diferente, também por uma questão cultural, o foco da vida dos homens é, normalmente, o trabalho.
Eu disse NORMALMENTE em ambas as afirmações. Mais uma vez, não se trata da regra.
É machista, eu sei. Você pode bater o pé e espernear, mas não dá pra simplesmente ignorar séculos de patriarcado de uma geração pra outra. E não estou aqui pra levantar bandeira de feminismo ou machismo, mas sim relatar uma situação pela qual passei e que vejo se repetir com amigas próximas e colegas. É sempre a mesma história!
Comecei a pirar nessas questões observando meu ex namorado. Juro, no começo eu me fazia de sonsa. Não demonstrava a minha indignação ao chegar na casa dele, e me deparar com pencas de foto sendo editadas. Eu só pensava: “Que p#%@ é essa? E na mesma hora me vinha na cabeça aquela última demanda do trabalho que eu deixei de fazer pra sair mais cedo, não pegar trânsito e ficar mais tempo com ele.
“Amor, vou terminar rapidinho!”
Pausa para aquele sorrisinho psicopata, que por fora até disfarçava, mas por dentro amaldiçoava os antepassados mais remotos dele. Eu não entendia porque eu agia daquele jeito. Por que o foco da minha vida tinha que ser o relacionamento? Porque ao menor sinal de instabilidade no namoro, eu comprometia todas as outras áreas da minha vida?
E enquanto isso, o lindo estava super focado no trabalho DELE, na família DELE, nos hobbies DELE. É claro que ele se esforçava muito por nós, eu realmente o via se dedicando ao que estávamos construindo. Mas havia um interesse tão grande nas outras áreas da vida dele, que era lindo de ver.
Caceta, eu queria aquilo!
Foi numa dessas semanas intensas de trabalho, sozinha no meu quarto num sábado à noite, que a decisão da mudança veio como um míssel. Eu não podia perder mais tempo, eu tinha que retomar a atenção para a MINHA vida, MEU trabalho, MEUS hobbies, que nada tinham a ver com o relacionamento. Coisas que EU gostava de fazer. Coisas que por algum motivo acabei deixando de lado ou deixando de dar a devida atenção.
Essa mudança de postura foi crucial para que tudo voltasse, de fato, a acontecer.
É claro que no começo não foi fácil me livrar dos padrões. Eu me sentia ansiosa, com medo. Criava diálogos terríveis com a minha cabeça, tentando convencê-la de que não era nenhum crime focar mais horas do dia no trabalho, ou deixar aquela jantinha de quarta feira, pra uma sexta, e encontrar aquela amiga que à tempos eu não via. O mundo não ia acabar, cabeças não iriam rolar, e no final, eu estaria agindo ao meu favor.
Ei, você é a pessoa mais importante da sua vida, ok? Não se esqueça disso!
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